Por Carla Volkart
Este livro foi editado no Brasil em 2002. Recente! Edgar Morin é francês, o autor. Trata-se da súmula de um conjunto de Jornadas Temáticas realizadas por intelectuais franceses das mais diversas áreas do conhecimento, em busca de um novo "pensar" e realizar a educação de segundo grau. O primeiro parágrafo é claríssimo sobre a origem e seriedade do assunto que, partiu de um convite especial: "Na noite de 15 de novembro de 1997, Claude Allègre propôs-me, ao telefone, a presidência de um "conselho científico" consagrado a fazer sugestões para o ensino de segundo grau. Dois meses antes, o ministro me havia concedido uma longa entrevista para o suplemento sobre educação do jornal Le Monde (Le Monde de l'éducation), durante a qual eu lhe sugeri uma reforma da universidade francesa. Tal sugestão não despertou uma recusa de sua parte, mas sim uma reação de prudência: "O mais difícil é conseguir mudar as mentalidades." Eu sabia que o ministro era não apenas audacioso, mas também o promotor de uma das novas ciências polidisciplinares que apareceram na segunda metade do século XX (as ciências da Terra). Em vista disso, pensei que ele me escolhera em razão de minhas idéias." O livro transcorre apresentando os pontos de vista de muitos intelectuais de disciplinas completamente distintas (até o momento), revelando a estranheza de todos sobre a possibilidade proposta pelas jornadas de, remodelar a relação cientista-professor-aluno. Durante a "Jornada", à medida que cada cientista traz a evolução e avanços existentes hoje na sua área, ao mesmo tempo é convidado a localizar esta sua especificidade no contexto maior, ou seja, num saber que reúna todos os saberes. E aos poucos nota-se que eles...conseguem! Mesmo que revelando a dificuldade. Coloca-se também a idéia de que hoje se constata uma falta de motivação verdadeira do aluno pelo saber. E levanta-se a hipótese de ser a própria relação "hierárquica" professor "sabe-tudo" versus aluno, que amortece o desejo e curiosidade pelos saberes seculares e contemporâneos. A proposta que o livro vai tecendo, (na ótica de um leitor leigo das teorias da educação), é equipar o professor atual de elementos inclusive psicológicos para tratar a área do saber que professa como algo vivo e entusiasmante. Trazer a verdade sobre as DIFICULDADES INTELECTIVAS E PRÁTICAS enfrentadas pelos cientistas na busca do "passo seguinte", a partir do esclarecimento de como está sendo feita determinada pesquisa, as teorias rígidas ou flexíveis da qual deriva, e finalmente em que ponto CHEGOU na data presente. A partir de então, CONVIDAR e ESTIMULAR o aluno a PENSAR JUNTO com os cientistas na busca de novas conquistas. Ou seja, a reforma proposta no livro é realmente estrutural: o professor deixa de ser, a partir de agora, o "sabichão" que tudo sabe, ou que tudo deveria saber, e cuja palavra é lei, para começar a ser um "amigo mais vivido" na equipe de "seres humanos naturalmente curiosos, entusiastas e pesquisadores".
domingo, 4 de outubro de 2009
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