COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
Acompanhado de seus heterônimos, o poeta português Fernando Pessoa (1888-1935) é o próximo autor a desembarcar em uma exposição temporária do Museu da Língua Portuguesa.
"Fernando Pessoa, Plural como o Universo" abre hoje para o público e permanece em cartaz até janeiro do ano que vem.
O uso da palavra "plural" no título é justificado assim que o visitante chega à exposição. Na primeira sala, os heterônimos criados por Pessoa, entre eles Alberto Caeiro, Álvaro de Campos e Bernardo Soares, ganham vida em cabines, em que o visitante entra para uma espécie de imersão privada.
No escurinho, trechos de poemas são projetados sempre um a um. Para passar de um texto para outro, o visitante só precisa levantar a mão até um sensor.
Com curadoria de Carlos Felipe Moisés, poeta formado pela USP, e Richard Zenith, escritor e ensaísta americano radicado em Lisboa desde 1987, a exposição é rica de interações digitais do gênero.
"A opção de mostrar apenas trechos foi feita porque as poesias de Fernando Pessoa, em geral, eram muito extensas; 'Ode Marítima', de Álvaro de Campos, por exemplo, tem cerca de 900 versos", explica Zenith.
Por esse viés didático-sensorial, é possível perceber também que o poeta português não criou desdobramentos de personalidade somente para diversificar a linguagem. Seus heterônimos também possuem biografias particulares.
Ricardo Reis, por exemplo, é um médico da cidade do Porto que estudou em colégio de jesuítas. Pessoa não atribui a ele data de morte --apenas de nascimento.
PARTE DOCUMENTAL
Um labirinto com poemas em relevo nas paredes leva o visitante para um segundo salão. Ali, a cenografia de Helio Eichbauer coloca em evidência a parte documental da mostra.
E monta uma mesa de leituras, onde ficam espalhadas edições traduzidas para várias línguas (inglês, grego, russo, entre outras).
Entre os documentos, há revistas publicadas nas décadas de 10, 20 e 30 do século passado, como a "Portugal Futurista", marco do movimento modernista português. As peças foram emprestadas por um colecionador de Pernambuco, José Paulo Cavalcanti Filho.
Sobre a mesa, há ainda a projeção de um manuscrito do livro "Mensagem". Suas páginas podem ser viradas também por meio de um sensor. O original está na Biblioteca Nacional de Portugal, em Lisboa.
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