terça-feira, 5 de abril de 2011

Alexandre Chaves - Pura Cor - Pinturas | 5 a 30 de abril | VG Arte - Rio de Janeiro

Alexandre Chaves - Pura Cor - Pinturas
5 de abril a partir das 18 h - Até 30 de abril
VG Arte Galeria de Arte
Shopping Cassino Atlântico - Av. Atlântica, 4240, subsolo loja 131 - Copacabana - Rio de Janeiro - Tel.: 21 2521-5247



Formalmente, a pintura de Alexandre Chaves tem uma contundente composição, realizada com cores puras e fortes. Em muitos casos, fundos de figuras geométricas em cores limpas, sem misturas, com superposições de labirínticos caminhos ? imagens submetidas a um processo de evolução em busca do seu estado definitivo. Suas figuras e símbolos reclamam nossa atenção sobre a vinculação entre o mundo do pensamento, a experiência e a expressão estética. Sendo sugestiva a vinculação da obra de Alexandre com a cultura popular e o mundo do desenho gráfico.




ALEXANDRE CHAVES: ARQUEOLOGIA DE SI MESMO



Conheci Alexandre Chaves por indicação do poeta Augusto Pontes. Pedia Augusto, o primeiro a perceber o talento incomum de Alexandre, que eu olhasse as suas pinturas e procurasse orientá-lo nos caminhos que deveria percorrer na busca por construir uma trajetória consequente.


Alexandre me apresentou algo em torno de uma centena de desenhos coloridos realizados em pastel de cera. Eram desenhos pessoais, sem influências diretas, intuitivos, com um nível de expressividade que me fizeram compreender que ele não devia ter orientação alguma. Qualquer intervenção pouco sensível poderia provocar um desvirtuamento no rumo natural de sua aventura compositiva. Naquele momento, ao jovem artista, apenas devia ser dado incentivo para trabalhar, criando-se condições para que produzisse livremente suas reflexões estéticas. Alexandre não deveria ter pressa. Tinha toda uma vida para fazer a sua caminhada rumo à percepção do seu universo, construindo o seu próprio trajeto, desenvolvendo de modo pessoal as técnicas necessárias para cada circunstância que enfrentar. Isso faz três anos. Agora, Alexandre resolveu que deveria tornar pública a sua arte; apresenta-me uma coleção de mais de cem pinturas em acrílico sobre tela, todas de 2009, e pede que eu selecione as que deveriam compor a sua primeira exposição. Solicito que me indique as obras que ele gostaria de ver expostas. A coleção é reduzida pela metade, deixando de fora alguns trabalhos considerados preciosos por quem acompanha a sua produção.


Mesmo sem um critério explícito de escolha, nas obras eleitas por Alexandre para participarem de sua primeira mostra, pode-se notar a existência de práticas e princípios que se configuram complexos, fora de qualquer questão simplificadora.


Suas obras apresentam construções narrativas que rompem a tirania da lógica comum. Propondo alternativas que no geral não se adéquam ao esperado, ele sempre oferece mais do que se espera. Combina iconografias naturalmente contrastantes. As telas mais abstratas remetem a mapas imaginários que traem as convenções, possibilitando jogos interpretativos vários. Fazem o observador mentalmente transitar por complexos labirintos de sinuosas curvas e por estruturas geométricas retas. Alexandre consegue nas imagens que propõe oferecer percepções antagônicas: complexidade e ingenuidade; placidez e saturação; ruído e silêncio.


As pinturas figurativas parecem ser alegorias de sua memória e reflexões sobre a vida. Usa símbolos numa aparente tentativa de propor diálogos, de mostrar a existência de caminhos.


Em uma obra políptica de grande formato, mais de seis metros, Alexandre registra sobre um fundo negro, uma serie de fragmentos do corpo humano e objetos presos por linhas, como marionetes, e, apenas na extremidade da obra, surgem faixas coloridas onde escreveu a palavra amor. Pode ser uma busca nas brumas opacas e luminosas da memória coletiva que guardamos em nosso inconsciente ou, quem sabe uma espécie de arqueologia de si mesmo.


Roberto Galvão



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