terça-feira, 9 de março de 2010

I Mostra de CaLeidOscópiOs RecicLadOs do Rio Grande do Sul

Queremos te convidar para participar deste evento, que é nossa ação concreta depois de cansar de presenciar tanta barbárie com crianças e bichos nas ruas. A cada edição da Mostra de Caleidoscópios reciclados, uma entidade será beneficiada com parte da renda.


Além de ser a I Mostra de caleidoscópios do RS, marca o primeiro dia em que o Castelinho do Alto da Bronze vai abrir suas portas à visitação pública. A entrada será franca, mas com recolhimento de doaçães voluntárias, das quais também será doada parte para o abrigo de cães.


Abaixo tem o convite e muitos detalhes do evento.



I Mostra de CaLeidOscópiOs RecicLadOs do Rio Grande do Sul e Abertura do Castelinho para visitação pública pela primeira vez (parte da renda revertida para abrigo de cães)


As artistas construtoras de caleidoscópios Bruna Colferai, ELen de Oliveira e Letícia AnghinOni estarão expondo as criações mais recentes do brinquedo filosófico nos modelos tradicional e magiscópio.


Desde os tempos antigos, egípcios e chineses já poliam metais para refletir imagens com objetivos lúdicos. O caleidoscópio como o conhecemos foi inventado em 1816 pelo físico escocês David Brewster. O significado da palavra caleidoscópio define as razões para construí-lo e divulgá-lo: em grego, Kalos é belo, Eidos significa imagem, e scopo é ver, traduzido por “ver belas imagens”. Conceitualmente, a percepção das imagens caleidoscópicas estimula a percepção de que é possível transformar a realidade. Assim como as peças dispersas no interior do brinquedo se alternam criando novas imagens, também a vida pode ser transfigurada combinando-se os mesmos elementos, ou seja, as pessoas e as circunstâncias. Tudo ao alcance do olhar, basta desenvolver a “visão caleidoscópica da vida”.


A invenção causou tamanho alvoroço em 1816, que logo havia criações as mais variadas. Xeiques árabes mandavam construí-los com pedras preciosas. Na década de 70, a colecionadora Cozy Baker fundou a sociedade internacional Brewster Society,em Maryland, EEUU, reunindo criadores de todo o planeta, e socializou o brinquedo filosófico distribuindo-o em escolas, asilos, abrigos e hospitais. Iniciava no mundo a onda de popularização que continua em ritmo cada vez maior.


Em Porto Alegre, a jornalista ELen de Oliveira, quando criança, viu um e nunca esqueceu. Autodidata e Intuitivamente começou a construí-los no ano 2000. Articulando galpões de reciclagem, retirou do lixo embalagens de batata-frita, de bola de tênis, garrafas pet, tubos de detergente de cozinha, de papelão e sacolinhas de supermercado, e transformou tudo em um projeto de educação ambiental reutilizando matérias-primas, sucesso em escolas e comunidades do Rio Grande do Sul. Hoje, DEZ ANOS DEPOIS, mais de 5.000 brinquedos construídos e centenas de multiplicadores, chegou o momento de reproduzir o que fez Cozy em Maryland, e aproximar o brinquedo das comunidades em situação de risco social em Porto Alegre. A exposição é uma das ações.


A I Exposição de Caleidoscópios Reciclados começa às 10h da manhã, e marca também a primeira vez em que o Castelinho será aberto para visitação pública desde que foi inaugurado em junho de 2009 como espaço de ateliês de sete artistas, Adriana XaPLin, ALejandrO VelazcO, ELen de Oliveira, Lena Kurtz, Lisete Bertotto, ManOeL Henrique PauLO e Sandra SantOs.


E ainda: projeção de vídeos caleidoscópicos.
Entrada Franca com doação espontânea de qualquer valor.


Parte da renda (doações + venda de caleidoscópios) será destinada ao projeto de inserção social do caleidoscópio em comunidades da periferia e ao Canil de Cláudia Mota, no Bairro Cristal, abrigo atuante na área da proteção animal, como forma de contribuição do Ateliê Caleidoscópico e do Castelinho para a assistência social em Porto Alegre. As entidades se alternarão a cada mostra.


*Também estaremos recolhendo cobertores velhos, potes de sorvete 2L, baldes, bacias, remédios (mercúrio, gaze, esparadrapo) para o abrigo de cães.



I Exposição de CaLeidOscópiOs RecicLadOs do Rio Grande do Sul e Abertura do CasTelinho para visitação pública pela primeira vez


Dia 14, Domingo
Das 10h às 17h
Rua Gen Vasco Alves, 432 Esquina Fernando Machado
Centro Histórico – Porto Alegre – RS – Brasil
Fone 51 3779 9896
www.castelinhodoaltodabronze.blogspot.com
www.tripcaleidoscopica.blogspot.com




A jornalista, performer e artista visual ELen de Oliveira está completando 10 anos como criadora de Caleidoscópios.
Quando criança, viu pela primeira vez o brinquedo filosófico, e nunca esqueceu. Autodidata e Intuitivamente começou a construí-los no ano 2000. Articulando galpões de reciclagem da capital, percebeu que "lixo é uma coisa no lugar errado" e passou a reutilizar embalagens de batata-frita, de bola de tênis, garrafas pet, tubos de detergente de cozinha, de papelão e sacolinhas de supermercado. Identificou no brinquedo dois benefícios distintos e complementares: o processo de disciplina interna, contido na minúcia e delicadeza que envolve a construção, e a possibilidade de adoção do caleidoscópio em programas de Educação Ambiental – com ênfase na reciclagem.
Transformou tudo em uma vivência de educação ambiental reutilizando matérias-primas, projeto que é um sucesso em escolas e comunidades do Rio Grande do Sul.
Nesse sentido desenvolve o projeto Caleidoscópio Arte-Reciclagem em Porto Alegre. Ensina o brinquedo filosófico através de oficinas e estimula a geração de renda e a inserção social. Ministrou oficinas e cursos em escolas, feiras e eventos como o Universo das Tribos e o Fórum Social Mundial em Porto Alegre.
Ao mesmo tempo, constrói o brinquedo em peças únicas e originais sob encomenda para colecionadores. Segundo a espanhola Mirta Valdéz, dentre as dezenas de caleidoscópios que adquiriu em viagens pelo mundo todo, nenhum tem a riqueza de cores e de formas contidas nas criações de Elen de Oliveira.
Possui caleidoscópios em acervos de colecionadores espanhóis, do Caribe, Alemanha, Peru e diversos estados do Brasil. Há caleidoscópios seus também na sede da Brewster Society International (EEUU), da qual é membro artista, e na Biblioteca Sapato Florido da Casa de Cultura Mário Quintana.
Elen também estendeu a pesquisa em torno do estudo da geometria, da matemática, da luminosidade e da fotografia caleidoscópica, a partir da investigação das infinitas aplicações possíveis a partir da refração dos espelhos, como na psicologia, relaxamento e concentração. Caleidoscópios ficam muito bem nas salas de esperas de consultórios, e também são fonte de inspiração para bordadeiras, artistas e criadores de temas para azulejos.
Hoje, com DEZ ANOS de criações, mais de 5.000 brinquedos construídos e centenas de artistas multiplicadores, chegou o momento de reproduzir o que fez Cozy Baker em Maryland, e aproximar o brinquedo do maior número de pessoas, a começar por Porto Alegre. A I Mostra de Caleidoscópios reciclados é uma das ações nesse sentido.
Elen de Oliveira é natural de Porto Alegre. Fotógrafa profissional, jornalista diplomada, trabalha na Fundação Cultural Piratini Rádio e Televisão (TVE/FM CULTURA) desde 2002. Fone 51 3779 9896 CeL 9956 0147
A visão caleidoscópica da Vida
Eu sempre amei caleidoscópios e tenho alguns deles. Toda vez que me deparo com um momento de pouca ou nenhuma criatividade, pego um caleidoscópio e brinco com ele. Começo a girá-lo para um lado e para o outro. Observo a metamorfose das imagens. Com cada giro, eu crio algo novo com o que já estava lá. É uma grande ferramenta para ensinar a pensar criativamente.


Na vida, as coisas nem sempre são o que parecem ser, e se olharmos de diferentes ângulos, poderemos enxergar algo novo. Nós podemos também tomar pedaços e partes de várias coisas e juntá-las para construir algo original. Se pensarmos na vida como um caleidoscópio, poderemos ver a possibilidade das mudanças ao nosso redor. Na próxima vez em que você estiver emperrado em alguma coisa e não puder ver a solução, ou sentir falta de criatividade, imagine que você está olhando para um grande caleidoscópio. Comece a girar as idéias, olhando para o problema de diferentes ângulos. Traga novos conceitos e veja como eles se combinam. Continue girando as imagens mentais até encontrar um padrão de que goste e então trabalhe com ele. O pensamento caleidoscópico tem a ver com olhar para as coisas de diferentes perspectivas, juntando o velho com o novo, disposto a mudar tudo se a possibilidade se apresenta.


Com o pensamento caleidoscópico, podemos nos desvencilhar de como as coisas deveriam ser, para expandir-nos em novas realidades. Mas é importante que nesse processo você não busque uma imagem pré-definida como resultado. Abandonar o controle é o exercício.


Você pode, em sua vida, assim como girar um caleidoscópio, estar preparado para ver e aceitar qualquer nova imagem que surja, a partir das novas combinações dos elementos que já estavam lá. Esse é o princípio do pensamento caleidoscópico. Para exercitá-lo, é necessário que você se desprenda, libere os atuais conceitos cristalizados, as convicções, para encontrar uma nova resposta.






Um caleidoscópio é um instrumento místico que organiza fragmentos dispersos em uma unidade harmoniosa.


Myriam, com tristeza, aperta em suas mãos objetos aparentemente sem valor – esta é uma cena do filme "Bee Season"- Palavras de Amor, título em Português. Neste filme, os caleidoscópios representam um papel importante.


Os fragmentos nas mãos de Myriam correspondem aos objetos no caleidoscópio, os símbolos de memórias e reminiscências das experiências diárias. Algumas são agitadas, outras contém pesares, dores, ou esperanças, alegrias e bênçãos. Os fragmentos de memória parecem dispersos na desordem, causando caos.


Fazer um caleidoscópio é criar uma infinidade de imagens que refletem cada uma das experiências do criador. Por trás do processo, existe o desejo de transformar a confusão em ordem, para saber o significado de cada experiência da vida.


Richard Gere atua como Saul, marido de Myriam e pai das duas crianças do filme. Ele é um professor conhecido por seu fascínio a respeito do Budismo Tibetano. As mandalas do Tibet são feitas de areia, e não lhes é permitido continuar intactas. Apesar do trabalho dedicado à sua construção, e do deleite de encontrar significados nelas, são destruídas a cada ritual, no fim do qual sempre é ordenado o processo de destruição. Mesmo que as mandalas não apareçam no filme, eu sinto a analogia entre elas e as imagens nos caleidoscópios, nas quais ambas são repetidamente formadas e destruídas. Esta é a cena na qual Myriam dá a sua filha um caleidoscópio sem nenhum objeto dentro – apenas o triângulo de espelhos. Ele pode significar o retorno ao caos. Por outro lado, Myriam possui um lugar secreto onde pendurou pedaços de objetos, que ela pensa serem seus complementos. Lá ela tenta restaurar o UNO perfeito, uma ordem esquecida. Quando Myriam se vê diante de uma criança sagrada, a sua filha, instintivamente lhe dá um caleidoscópio. Este ato pode ser originado do mais caro desejo, que todos os seres humanos têm em comum, de aprender o significado da experiência mostrada por Deus. Esta cena também sugere que a harmonia pode retornar depois do caos. Quando existe luz abundante, todas as partes do caleidoscópio são iluminadas. Luz é um símbolo de Deus, o criador do universo. Sem luz (sem Deus), você não pode ver nada no caleidoscópio. Ao mesmo tempo, muita luz –se você busca Deus demasiadamente – poderá ofuscar as imagens até que desapareçam na distância. Que fundamental e primordial princípio está operando aqui! Da confusão, para a harmonia; do caos para os caleidoscópios. Um caleidoscópio é um instrumento místico que limpa a confusão e cria harmonia. A vida diária pode ser frustrante e sua alma pode ficar abatida e desencorajada. Mas olhe atentamente dentro de um caleidoscópio e veja os objetos mostrando diferentes tonalidades e padrões todos os dias, e sua confusão vai desaparecer no silêncio, na luz, na beleza. Virá o tempo em que você vai enxergar a completa harmonia entre as cores e formas geométricas de um caleidoscópio – a harmonia do universo. Neste momento mágico, você vai compreender que as coisas que causam os distúrbios são apenas partículas no vasto, calmo e pacífico universo. Não é surpresa que muitos hospitais e casas de saúde estejam começando a usar caleidoscópios como parte do tratamento médico.


* Michi Araki – proprietário da Mukashi-Kan, loja especializada em caleidoscópios, EEUU.Traduzido por Elen de Oliveira com auxílio do Yázigi Dictionar

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