Joel e Ethan Coen: “Os cavalos não aceitavam nossa direção”
Diretores de 'Bravura indômita', os irmãos Joel e Ethan Coen falam sobre o talento de Hailee Steinfeld e as dificuldades de filmar um faroeste
Marcelo Bernardes de Nova York
Depois de ganhar fama como cineastas independentes, os irmãos Joel e Ethan Coen caíram nas graças de Hollywood. A dupla amealhou oito Oscars e acaba de receber mais dez indicações por Bravura indômita. Além de ser produtores, diretores e roteiristas, os dois editam seus filmes sob o pseudônimo Roderick Jaynes. Em entrevista a ÉPOCA, a dupla fala sobre o filme e seus métodos de trabalho.
QUEM SÃO
Irmãos, Joel (56 anos) e Ethan (53) produzem e dirigem filmes juntos desde 1984. Em 2008, venceram o Oscar de Melhor Filme e Melhor Diretor
O QUE FILMARAM
Fargo (1996), O grande Lebowski (1998), Onde os fracos não têm vez (2008), Um homem sério (2009), entre outros
ÉPOCA - Vocês revisitaram o Bravura indômita original com John Wayne antes de rodar a nova versão?
Ethan Coen - Assistimos ao filme original quando éramos jovens. Nunca mais o vimos e não pensamos em fazer nosso filme como referência ao de John Wayne. Estávamos mais interessados no livro, que lemos recentemente e achamos ter um grande potencial cinematográfico. A gente pediu para o Jeff Bridges ler também, algo que John Wayne não fez. Inicialmente, achamos que o fato de John Wayne ter interpretado o papel seria um empecilho. Mas Jeff não estava nem aí para isso.
ÉPOCA - Hailee Steinfeld é uma revelação. Como a encontraram?
Joel Coen - Três, quatro semanas antes de iniciarmos as filmagens, deparamos com a fita teste de Hailee. Tínhamos falado com várias garotas, algumas atrizes famosas, mas, quando Hailee veio nos encontrar em Los Angeles e fez o teste com Jeff Bridges, sabíamos que seria ela. Hailee é muito independente e madura. Não se sentiu intimidada na frente de nenhum ator e nem pelo processo de filmagem. Ela definitivamente está atuando no filme, mas existe dentro dela maturidade muito similar à da personagem.
ÉPOCA - Por que fazer um faroeste?
Joel - Não vimos o filme como um faroeste tradicional, e sim como uma aventura entre uma jovem e um homem mais velho, um certo tipo de demarcação que não se limita somente aos faroestes.
Ethan - Também tem a ver com a maneira como os projetos vêm parar em nossas mãos. Hoje estamos muito mais à mercê da disponibilidade dos atores que de nossa própria conveniência. Então alguns projetos passam à frente dos outros. Este é um deles.
ÉPOCA - Bravura indômita é um filme com um orçamento farto. Como foi participar de um projeto tão pouco usual na carreira de vocês?
Ethan - Apesar de o orçamento ser muito maior que o dos últimos filmes, tivemos mais problemas. Fomos obrigados a apertar o cinto.
Joel - O que mais nos atrapalhou foram as locações distantes, o tempo totalmente instável e o fato de escalarmos uma garota de 14 anos que, por normas do sindicato dos atores, só podia trabalhar um certo número de horas por dia. Junta-se a isso o fato de que os cavalos não aceitavam muito bem nossa direção (risos).
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